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segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Catequese Familiar 2013 - rumo a uma nova etapa


No dia 28 de outubro, uma turma dos alunos da Catequese Familiar celebrou a sua 1ª comunhão eucarística. Momento festivo para eles e seus familiares, que participaram da celebração com emoção e fé.

Parte da preparação para a comunhão eucarística, e que deixou muitos apreensivos, foi a confissão, celebrada no sacramento da reconciliação. Apreensivos porque era a primeira vez que muitos estavam diante de um padre, confidenciando suas faltas, fraquezas pessoais e omissões. Mas, sobretudo, uma experiência de leveza, ao vivenciarem, por meio do diálogo com o padre, aquilo que a fé nos aponta: Deus é como pai e mãe – amoroso e paciente (na compreensão e perdão das nossas faltas e fraquezas), embora exigente (pois sabe que somos capazes de superar nosso comodismo e atitudes egoístas).


A todas as famílias, fica agora o desafio: continuar proporcionando aos filhos novas oportunidades para amadurecerem a fé. A esse respeito, a diretora do colégio, Aleluia Heringer, dedicou uma breve reflexão aos alunos e seus familiares – ao amadurecerem sua fé, cabe agora a pergunta: como traduzi-la em atitudes e gestos? Afinal, como apontou o evangelho do dia (Mc 6, 30-46), Jesus sentiu compaixão daqueles que sentiam fome e, dessa compaixão, inspirou da comunidade um gesto concreto: a partilha dos pães. Portanto, se em nossa vida cotidiana (no colégio, em casa, na comunidade), soubermos traduzir a fé em gestos e atitudes reais, seremos agentes de transformação e de mudanças no mundo!

A celebração foi marcada pela participação massiva dos familiares e amigos dos catequizandos e por uma bela e sincera homenagem dos pais ao catequista Maicon, que acompanhou e coordenou os encontros ao longo do ano.


quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Pessoas mortas nas ruas: quem se importa?

Eu acredito que um lugar e um povo não são definidos e julgados
apenas pelos seus feitos e conquistas, mas também
pela sua compaixão e pelo seu sentido de justiça.
No futuro, será nessa fronteira que todos nós seremos postos à prova.
(Bruce Springsteen)
 
            O dólar aumenta, o embaixador é demitido, o bilionário perde sua fortuna, juízes reivindicam aumentos de salários, times ganham e perdem partidas nos campeonatos. Celebridades casam e descasam ou saem às compras com seus “pets” perfumados e bem enfeitados.
            Invariavelmente, são essas as manchetes que ocupam as capas de jornais e os assuntos em muitas conversas à frente das TVs, em bares ou nos intervalos de descanso nas empresas em que trabalhamos. Esses assuntos se tornam a pauta no dia a dia, tanto nos meios de comunicação, como em nossos corações e mentes.
            Entretanto, um fenômeno estudado recentemente pelos sociólogos refere-se à invisibilidade social: diz respeito às pessoas ou grupos sociais desprovidos de reconhecimento no seio das relações sociais. Embora existam de fato, na prática são relegados à irrelevância – quase como se não existissem, como se invisíveis fossem.
            A invisibilidade social atinge várias categorias profissionais: são garis, faxineiros, garçons, catadores de papel e outras categorias que, embora exerçam importantes tarefas na complexa teia que compõe a vida de uma sociedade, não são reconhecidos, em geral, como sujeitos, isto é, como pessoas em si mesmas, mas como meros “elementos operacionais”, peças de uma engrenagem, facilmente substituíveis.
            Outra categoria invisível aos olhos de muitos é a dos moradores de rua: mendigos, crianças nas praças e semáforos, andarilhos, pedintes. Embora invisíveis, existem – e existindo, têm histórias para contar! O que os levou às ruas? Como se sentem? Têm sonhos e desejos a realizar?
            Geralmente, são chamados de “marginais”, ou seja, estão às margens do nosso convívio social. Mas, e entre eles, como se dá o convívio? Quais margens se estabelecem – solidariedade, respeito, violência, normas e regras...? Como satisfazem suas mais básicas necessidades humanas (fisiológicas, afetivas, espirituais)? Para sabermos disso, precisamos, também, romper as nossas margens: preconceitos, medo, indiferença, insensibilidade...
            Estima-se que a população de rua em Belo Horizonte é composta por cerca de 2000 pessoas. Nos dois últimos anos, 100 pessoas moradoras de rua foram mortas em situações diversas. Em Goiânia, somente no primeiro semestre deste ano, mais de 60 pessoas moradoras de rua foram assassinadas. Entre 2008 e 2012 foram registrados 530 incêndios em favelas de São Paulo, segundo dados do Corpo de Bombeiros daquela cidade. Como isso repercutiu em nossa sociedade? Quais mudanças aconteceram, quais medidas estão sendo tomadas? Ainda estamos no campo da invisibilidade...
            O Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores de Material Reciclável – CNDDH alerta e denuncia que essas mortes não são aleatórias. Há uma questão silenciosa, que acoberta e explica muito a realidade atual: a exploração imobiliária e a concorrência virulenta entre as empresas do ramo que disputam a propriedade dos terrenos vagos nos grandes centros urbanos. Segundo Frei Gilvander, num texto publicado em 2012, o depoimento do Sr. Luiz Vida, colhido pelo jornalista Pedro Rocha (do E. Minas) ilustra bem essa situação:
 
“O termo ‘morador de rua’ não condiz com a verdade”, diz. “As ruas são ocupadas pelos carros, não há espaço para outros, somos como os extraterrestres. Viemos para invadir um terreno ocupado”, diz Luiz, que sabe o incômodo que representa para o “resto da população”.
 
                Nesse contexto, o CNDDH denuncia a chamada “política higienista” em voga nas grandes cidades: restringem-se cada vez mais as possibilidades de as pessoas se alojarem nos passeios e praças – um caso emblemático foi o da prefeitura de Belo Horizonte, que em 2012 inaugurou um novo padrão de construção de viadutos, colocando estruturas de pedras disformes, que impedem qualquer pessoa, por exemplo, de dormir ali. Há denúncias de que agentes públicos, junto com a polícia militar, durante as madrugadas, passam pelas ruas recolhendo e retirando dessas pessoas os seus cobertores, remédios e pequenos pertences. O CNDDH lembra que há um Decreto Federal que regulamenta as Políticas Públicas para as pessoas nessas condições, e que no alicerce dessas políticas prevê-se o resguardo da dignidade das pessoas. A atual situação em grandes centros urbanos no país mostra a evidência de um verdadeiro extermínio dos moradores de rua.
            Um extermínio silencioso, que não muda em nada as nossas vidas cotidianas.
            Um extermínio gritante, pois denuncia que as nossas vidas estão cada vez mais entorpecidas pela indiferença diante do pobre, do pequeno, do desvalido. Enquanto isso, continuamos a nos preocupar com os celulares, os placares dos jogos e das vidas frívolas das “celebridades”...