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quinta-feira, 6 de março de 2014

Quaresma e Campanha da Fraternidade 2014






TEMA: Fraternidade e tráfico humano.
LEMA: “É para liberdade que Cristo nos libertou” Gl 5,1

               É inerente ao ser cristão o permanente processo de conversão; converter é mudar. Mudar o olhar, atitudes, pensamentos, conceitos e “caminhos” ainda que permaneçamos nas mesmas trilhas, mas mudando o jeito de caminhar.
               Muito se fala que a quaresma é tempo de mudança e conversão, o que não está errado, porém essas atitudes devem ser permanentes. Devem ser um comportamento constante na vida do Cristão.
               Quando Cristo nos fala em Jo 10,10 que o motivo de Sua vinda ao mundo foi (e é) para que todos tenham vida PLENA, ele nos deixa esse mandato para que tenhamos essa referência em nossa existência.
               Portanto, toda e qualquer situação em que a vida em todos os seus sentidos deixe de acontecer, estará ali uma realidade que clama a exigência de que o cristão se faça presente, denuncie e anuncie em nome do evangelho tal situação, empenhando-se para a extinção da mesma.
               Nesse sentido, a Campanha da Fraternidade é um instrumento especial que nos possibilita e nos impele a esse processo de comprometimento com a causa pela vida que brota de maneira definitiva na Ressurreição de Jesus.
               Nesse ano de 2014 o convite que nos chega da Campanha da Fraternidade é o de refletir e envidar esforços diante da triste questão do tráfico humano. O texto base nos aponta que o tráfico humano...

       Fatura cerca de 32 bilhões de dólares/ano;
       É o 2º ou 3º crime mais rentável do planeta;
       Em 2012 a OIT citou a existência de 20,9 milhões de vítimas no mundo, em trabalho escravo e exploração sexual;
       Mulheres e jovens representam 11,4 milhões ou 55% das vítimas;
       Os adultos são os mais afetados 15,4 milhões ou 74%;
       9,1 milhões ou 44% são aliciados ao migrarem.

               E por que essa é uma questão contra a qual devemos nos empenhar?      
             
              Ainda conforme o texto base:
 
        É para a liberdade que Cristo nos libertou (Gl 5,1)
       Diante da grandeza de sermos filhos e filhas de Deus é inaceitável que a pessoa seja objeto de exploração ou de compra e venda. É uma negação radical do projeto de Deus para a humanidade.
       O Antigo testamento tem como fio condutor a libertação da pessoa humana e a Aliança entre Deus e seu povo.


Assim, o texto base propõe entre outras ações que:

        A Igreja é chamada a dar uma resposta de amor (I Jo 4,19), por meio dos discípulos missionários, às situações que atentam contra a dignidade dos pequeninos e injustiçados, a exemplo das vítimas do tráfico humano.
        O tráfico humano não é somente questão social, mas, também, eclesial e desafio pastoral.

Diante do quê, podemos e devemos concluir:

        Em face de um crime que clama aos céus, como o tráfico humano, não se pode permanecer indiferente, sobretudo os cristãos.
        A Conferência de Aparecida reafirmou à Igreja latino-americana que sua missão implica necessariamente advogar pela justiça e defender os pobres, especialmente em relação às situações que envolvem morte.
        Que esta Campanha da Fraternidade suscite, com as luzes do Espírito de Deus, muitas ações e parcerias que contribuam para a erradicação da nossa sociedade dessa chaga desumanizante, que impede pessoas de trilharem seus caminhos e crescerem como filhos e filhas de Deus. Afinal, foi para a liberdade que Cristo nos libertou.
        A Virgem das Dores, que amparou seu Filho crucificado, faça crescer entre os cristãos e pessoas de boa vontade a solicitude pelos irmãos e irmãs explorados cruelmente pelo tráfico humano.

               Vivenciemos, portanto, uma vida cristã que, nesse período quaresmal, nos estimule de modo especial à mudança, conversão e solidariedade com os que mais sofrem.


Wanderley Avelar
Agente de Pastoral - Depas


terça-feira, 4 de março de 2014

Carnaval: alegria, gratidão e solidariedade.



            A festa do Carnaval aponta para tempos remotos, muitos séculos antes do surgimento e da hegemonia da religião cristã no ocidente. Estudiosos afirmam significados diversos para a palavra, mas um consenso diz que o Carnaval era a celebração da época de colheitas no hemisfério norte e, em tom de alegria e festejo, as pessoas saíam às ruas para comemorar a fartura e o êxito dessas colheitas, que garantiriam os suprimentos necessários para as demais estações dos anos. Num universo politeísta, a festa era um modo de agradecer aos deuses pelo bom fruto das sementes.
               Já na era cristã, o carnaval antecedia a Quaresma, período em que se abolia o uso da carne e práticas de jejum e interioridade (oração) eram incentivadas como modo de se viver a fé. De origens bíblicas, essas práticas, junto com a prática de doar esmolas aos mais empobrecidos formavam o tripé da espiritualidade quaresmal.
               Como resgatar o sentido dessas práticas no mundo contemporâneo? Hoje, falar de jejum e esmolas parece algo antiquado e mesmo equivocado – esmolas são mal vistas, quando consideradas como mero assistencialismo que não promove uma transformação autêntica de vida para os empobrecidos, que lutam por uma vida digna e condições materiais justas para viver (moradia, saúde, alimentação).
               Hoje, a cultura moderna valoriza práticas e ações que deem sentidos à vida, para além dos formalismos ou repetições rituais e mesmo doutrinais. Importam as ações que atendam ao desejo e necessidade de realização e felicidade, mesmo quando não sabemos ao certo o que sejam esses conceitos. A modernidade, e nela especialmente a juventude, é surpreendentemente aberta à solidariedade: os jovens gostam de participar de campanhas, voluntariado, ações de cunho social e promoção da dignidade humana. Há uma “sede” do infinito, do transcendente, enfim, de Deus, mesmo que não se vincule necessariamente esse desejo a uma vivência comunitária ou institucional (igreja). E somos marcados por uma cultura festiva, festeira: mesmo conscientes de nossas mazelas, festejamos e confraternizamos, partilhando e vivenciando momentos de humor e companheirismo, resgatando tradições, músicas e costumes de nossos antepassados (vide o ressurgimento e popularização das marchinhas de salão). Muitos viajam, tem um contato maior com a natureza, o campo, paisagens às quais nos distanciamos no cotidiano de nossas cidades.
               Que possamos, enfim, beber nas fontes originais dessa festa, resgatando a gratidão pelos bons frutos do nosso trabalho, reconhecendo nele não apenas a realização de projetos pessoais, mas também sua contribuição para a vida e o crescimento das pessoas; vivenciando uma espiritualidade que nos alimente a vida interior, ao mesmo tempo em que nos estimule à generosidade e à solidariedade com o próximo.
               E, como muitos dizem que no Brasil o ano só começa mesmo após o carnaval, que tenhamos todos um 2014 pleno de realizações, alegrias e generosidade, com o coração aberto para um ano que exigirá de nós muitos esforços, mas nos oferecerá, por contraparte, a oportunidade de criarmos coisas novas, belas e que preencham de sentido a nossa vida.  


Bom Carnaval a todos!
Muita alegria, descanso e lazer!