A
equipe do Depas do Colégio Santo Agostinho, composta em 2014 por Jean Carlos,
Antonia Malta e Wanderley Avelar participou do “Dia ANEC”, encontro organizado
para confraternização entre as escolas católicas e reflexões sobre temas
atuais. O tema abordado no dia foi o da “Formação da consciência política da
juventude”, contando com as reflexões e palestras dos prof. Shirley Rezende
(Observatório da Juventude da UFMG) e do prof. Jamil Curi (UFMG).
A
prof. Shirley trouxe uma série de informações a respeito dos novas formas de
participação e intervenção política dos jovens, que se intensificaram a partir
dos movimentos de rua em 2013. Um dos aspectos novos e interessantes apresentados
refere-se ao fato de que o ativismo juvenil hoje é bem distinto, envolvendo
iniciativas culturais (música, dança, teatro), formas de protesto bem humoradas
e festivas e muita agilidade por meio das redes sociais e do ciberativismo. Há
também o que se denomina de “coletivos urbanos”, redes de grupos que se dedicam
a causas específicas em relação aos problemas das cidades: transporte, moradia,
violência, cidadania etc. Uma das características marcantes desses movimentos é
sua fluidez e um modelo de engajamento menos rígido e mais plural. Um dado
importante para a reflexão das escolas católicas: cerca de 43% desses jovens
ativistas são oriundos ou tem ligação com atividades e instituições de cunho
religioso! Sua organização preza pela horizontalidade (sem hierarquias
estabelecidas, abrindo espaços igualitários de participação), autonomia e
autogestão. Uma das questões recorrentes abordadas por esses coletivos urbanos diz
respeito à violação aos direitos humanos a que são submetidas, particularmente,
as populações de jovens no Brasil e na região metropolitana de Belo Horizonte.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhw9Vpj9jzcJowWXvSp_xVuh_-LraITGyA9OK2uIDlyIEwm-ZubRxp6rDb5Oz-fyMA0KIzqjsqhck38YcLfloNA8dw6lX8Fp-x8bVBRJp2soCxFXAhA7TEKMOYsUJNCoAAewDtmzWE0tVrm/s1600/Imagem2.jpg)
O
prof. Jamil esboçou, em suas reflexões, a questão do projeto de democracia no
atual estágio da história brasileira: vivemos numa sociedade democrática,
política e socialmente falando, porém essa democracia não é plena; embora as
conquistas sociais da última década sejam importantes e cruciais, ainda são
incompletas e precisam se consolidar. Essa é uma chave de leitura para se
compreender os atuais movimentos e reivindicações nas ruas: as conquistas
sociais nos levam a outro patamar. A população, por meio da distribuição de
renda, consegue maior acesso aos bens de consumo, moradia, saúde, educação, lazer
etc. Agora, nesse novo patamar, se amadurece a consciência de cidadania:
desejamos acesso aos bens sociais, mas desejamos isso com qualidade: bom
transporte, boas escolas, bom atendimento médico, saneamento, etc.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpmlPvXAT3H3c-5WQajizDzQCpdVJoaAw2v1w3E1u9LegJnTXVsS640CeayJFLc6BqUfjCYEBKe00PrLGMvrjieNBuI3hqq2Cjh7uJ1eXC2p78hcw2KsTJPQLsF3ZSQGyK1YYQufHAAT_Q/s1600/Imagem3.jpg)
Há reflexos dessa incompletude na própria
forma de se organizar das escolas e na sua relação com os jovens. E a escola,
como se posiciona diante dessas questões? O prof. Jamil aponta que as escolas
são importantes espaços de troca de ideias e aprendizagem, interação e experiência
de valores entre os jovens. Contudo, ainda estão pouco abertas às atividades
que vão além dos conteúdos formais, pouco abertas às novas tecnologias e novas
maneiras de pensar e se organizar da juventude: sua organização ainda é verticalizada,
hierárquica, pouco propícia ao diálogo! As mudanças apontam para um lado, mas a
escola parece caminhar para o lado oposto! O grande desafio, pois, é articular
a escola e as “novas juventudes”. Como fazer e conseguir isso?
Ao
longo do debate com ambos os professores, algumas pistas de ação e reflexão
foram apontadas: ser jovem e ser estudante não é algo inconciliável! O jovem
contemporâneo tem sede de cultura, lazer, participação, agremiação, enfim, de
participar da sociedade. A escola pode ser um ótimo espaço para essa
aprendizagem, auxiliando-os a desenvolver suas habilidades discursivas, de
convivência e respeito à pluralidade, construindo iniciativas de liderança e convívio
na esfera pública. Que assim seja!