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terça-feira, 8 de abril de 2014

Dia ANEC - Encontro das Escolas Católicas de MG






A equipe do Depas do Colégio Santo Agostinho, composta em 2014 por Jean Carlos, Antonia Malta e Wanderley Avelar participou do “Dia ANEC”, encontro organizado para confraternização entre as escolas católicas e reflexões sobre temas atuais. O tema abordado no dia foi o da “Formação da consciência política da juventude”, contando com as reflexões e palestras dos prof. Shirley Rezende (Observatório da Juventude da UFMG) e do prof. Jamil Curi (UFMG).

A prof. Shirley trouxe uma série de informações a respeito dos novas formas de participação e intervenção política dos jovens, que se intensificaram a partir dos movimentos de rua em 2013. Um dos aspectos novos e interessantes apresentados refere-se ao fato de que o ativismo juvenil hoje é bem distinto, envolvendo iniciativas culturais (música, dança, teatro), formas de protesto bem humoradas e festivas e muita agilidade por meio das redes sociais e do ciberativismo. Há também o que se denomina de “coletivos urbanos”, redes de grupos que se dedicam a causas específicas em relação aos problemas das cidades: transporte, moradia, violência, cidadania etc. Uma das características marcantes desses movimentos é sua fluidez e um modelo de engajamento menos rígido e mais plural. Um dado importante para a reflexão das escolas católicas: cerca de 43% desses jovens ativistas são oriundos ou tem ligação com atividades e instituições de cunho religioso! Sua organização preza pela horizontalidade (sem hierarquias estabelecidas, abrindo espaços igualitários de participação), autonomia e autogestão. Uma das questões recorrentes abordadas por esses coletivos urbanos diz respeito à violação aos direitos humanos a que são submetidas, particularmente, as populações de jovens no Brasil e na região metropolitana de Belo Horizonte. 


O prof. Jamil esboçou, em suas reflexões, a questão do projeto de democracia no atual estágio da história brasileira: vivemos numa sociedade democrática, política e socialmente falando, porém essa democracia não é plena; embora as conquistas sociais da última década sejam importantes e cruciais, ainda são incompletas e precisam se consolidar. Essa é uma chave de leitura para se compreender os atuais movimentos e reivindicações nas ruas: as conquistas sociais nos levam a outro patamar. A população, por meio da distribuição de renda, consegue maior acesso aos bens de consumo, moradia, saúde, educação, lazer etc. Agora, nesse novo patamar, se amadurece a consciência de cidadania: desejamos acesso aos bens sociais, mas desejamos isso com qualidade: bom transporte, boas escolas, bom atendimento médico, saneamento, etc.




 Há reflexos dessa incompletude na própria forma de se organizar das escolas e na sua relação com os jovens. E a escola, como se posiciona diante dessas questões? O prof. Jamil aponta que as escolas são importantes espaços de troca de ideias e aprendizagem, interação e experiência de valores entre os jovens. Contudo, ainda estão pouco abertas às atividades que vão além dos conteúdos formais, pouco abertas às novas tecnologias e novas maneiras de pensar e se organizar da juventude: sua organização ainda é verticalizada, hierárquica, pouco propícia ao diálogo! As mudanças apontam para um lado, mas a escola parece caminhar para o lado oposto! O grande desafio, pois, é articular a escola e as “novas juventudes”. Como fazer e conseguir isso?

Ao longo do debate com ambos os professores, algumas pistas de ação e reflexão foram apontadas: ser jovem e ser estudante não é algo inconciliável! O jovem contemporâneo tem sede de cultura, lazer, participação, agremiação, enfim, de participar da sociedade. A escola pode ser um ótimo espaço para essa aprendizagem, auxiliando-os a desenvolver suas habilidades discursivas, de convivência e respeito à pluralidade, construindo iniciativas de liderança e convívio na esfera pública. Que assim seja!

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