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sexta-feira, 23 de março de 2012

Reflexões sobre o sentido da vida

O estudante Vitor Galdino, do 9° A, escreveu o belo texto a seguir, inspirado em sua experiência pessoal e na aula do Ensino Religioso, onde os alunos refletiram sobre o modo como aproveitamos o tempo e o significado que damos para a vida. Vale a pena ler!

            Quando a professora nos pediu para lembrarmos a nossa vida, já tinha percebido o quão a tarefa ia ser complicada, só não tinha noção de que não ia lembrar quase nada. Lembrei-me muito vagamente da minha infância, apesar de ser uma época tão boa e tão simples da nossa vida – quando uma pequeníssima coisa, como uma formiga traçando seu caminho, poderia ser tão fantástica e interessante, diferente de hoje, que é simplesmente um “nada”. A ingenuidade e o carinho com a família e os amigos também foi algo muito marcante. E o que mais?
            Foi quando me toquei que, sem percebermos, deletamos memórias da nossa própria vida. Mas, por quê? Fiquei tentando chegar a uma resposta e cheguei a inúmeras.
            A sociedade começa a exigir que você cresça, tanto em casa como em outros ambientes, tais como a escola. Pouco a pouco vamos esquecendo a tal simplicidade nas coisas; é uma mudança drástica e surpreendente.
            A sociedade também influencia em coisas como: “Ah, isso não é coisa da sua idade, é coisa de criança” – principalmente no que se refere aos amigos.
            Acho que também deletei algumas coisas porque, querendo ou não, tudo vai virando uma questão de rotina – é quando as mudanças da pré-adolescência surgem. O dia vai se tornando cada vez mais rotineiro e “chato”.
            É então que começamos a “fechar os olhos” para tanta coisa que devíamos notar, tantas coisas boas, e isso só aumenta a impressão de que não há tempo, que tudo é monótono e chato. Mas será que não há tempo ou nós não soubemos organizá-lo?
            “O tempo passa, não volta mais”. A gente passa a “correr” tanto que não nos damos conta disso. A vida está passando e deveríamos viver intensamente cada dia. Para isso, não precisa ir muito longe e viajar para outros lugares extraordinários, basta prestar atenção nas simples coisas que deixamos passar.
            Quando a professora disse que “50% da nossa vida gastamos pensando no que queríamos fazer”, fiquei surpreso, mas realmente é fato.
            Tem também a questão da vergonha. Antes, na infância, fazíamos tudo sem preocupar com o que o outro pensaria a respeito. Lembro muito bem que eu e minhas primas ensaiávamos músicas para depois apresentarmos, fingindo que éramos famosos, e isso nos fazia bem. E agora, temos vergonha de fazer aquilo, de falar isso, de agir daquela forma... Começamos a pensar muito se o outro vai achar bonito, ridículo, infantil, legal... Isso não é saudável, abaixa nossa autoestima e prevalece até hoje. A pessoa que consegue pensar “se está bom e bonito pra mim, não importa o que pensem” tem que ser perfeita para levar esse princípio adiante. Como ninguém é perfeito, todos nós nos preocupamos com isso.
            São tantas respostas que poderia até fazer um livro. Na verdade, quando abrirmos os olhos e percebermos que o tempo passou, pode ser muito tarde.
             Meu conselho a quem ainda é criança é que não deixe tudo isso se perder. Temos que crescer, amadurecer sim, mas não a ponto de deixarmos coisas incríveis passarem.
            Às vezes fico mesmo me questionando qual é o sentido da vida. Aliás, você está num corpo que Deus lhe deu, um corpo que tem emoções, sentimentos e seu tempo. Grosso modo, estamos de passagem na Terra. E, como uma linha do tempo, um segmento, um traço, tem início e fim. Muitas pessoas não gostam de falar disso, mas é a pura e indiscutível verdade. Nada é para sempre. Nem mesmo o que aprendemos, que pode ser mudado (o conhecimento) no futuro. Se você não aproveita ao máximo esse tempo, ele passa a ser curto demais e começamos a pensar: “nossa, como o tempo voa”. Ele só voa porque não temos a visão de futuro, que meu pai tanto diz.
            Pense: o que você quer daqui a três, dez, trinta anos? Casa, carro, família... Mas será que, quando pensar no seu passado, ele terá valido a pena?
            Nessas férias, tive uma experiência que não desejo para ninguém. Fui parar em alto-mar, de repente, com uma pranchinha em uma profundidade de, sei lá, 50, 60metros. Eu pedi a Deus que me deixasse aqui, afinal, não tinha cumprido a minha missão, ainda. E vi que não soube aproveitar o passado. Quer dizer, sim, aproveitei ao máximo a minha infância, mas senti que ainda não tinha feito tudo “valer a pena”. Foi um grande baque para mim. Graças a Deus, dois homens com um surfista conseguiram me salvar. Arriscaram suas vidas por um estranho, sendo que não ia fazer a mínima diferença para eles. Eu acho que isso é valer a pena, você ver tudo à sua volta e pensar no outro. Peço a Deus, todos os dias, que recompense esses homens.
            Acho que, se essa reflexão fosse feita antes desse terrível acontecimento, eu não teria feito tudo isso.
            Sabe o que estava pensando nesses dias? Por que eu, com 13 anos, não me lembro muito dos meus 5 ou 6 anos (ou dos 9, 10 anos) e meus avós, com 60, 70 anos, se lembram de tantos detalhes? Taí algo que não cheguei a uma ideia concreta, quem sabe talvez mais tarde eu tenha a resposta?
            A hipótese convincente a que cheguei foi que eles não se prendiam às coisas materiais, como fazemos hoje; o que importava eram os valores. Hoje, ficamos muito preocupados em estar conectados à Internet, a gastar horas e horas em frente ao computador, a postar sua vida no Facebook, que esquecemos de viver realmente. Do que adianta ter milhares de amigos virtuais, uma porção de seguidores, fotos postadas, se você não tem consciência da vida real? Consciência de trocar a vida real e próxima por um mundo virtual, surreal? De que você está perdendo a sua vida social?
            Não estou desvalorizando a Internet, ela é muito boa, legal, útil, mas deve ser usada com moderação.
            Tenho um colega que não é preso a nada disso. O máximo que tem é MSN e só usa raramente a Internet para a escola. Sim, ele é muito mais feliz do que outras pessoas que pensam que são.
            Tantas pessoas se cortam, se suicidam e ficam completamente abaladas e depressivas por motivos diversos. Imagine se você fosse um portador de câncer, de AIDS, e tivesse o seu tempo contado...
            Essas pessoas eram pra ser tristes, sem nenhuma perspectiva de vida. Mas, pelo contrário: elas não desistem de lutar e de fazer a vida valer a pena.
            A música “O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído”... começa a tocar em minha mente, mesmo não sabendo o título. “Queria ter me importado menos com problemas pequenos, ter visto o sol nascer. Queria ter trabalhado menos e até errado menos”... Está tudo fora de ordem, mas essa música mostra claramente que:
            “A felicidade não está fora de nós e não tão longe. Ela é, antes de tudo, um estado de espírito, uma coletânea de lembranças e sentimentos, uma maneira de ver a vida e não um determinado momento. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios”. “Devemos ver a beleza das coisas. Sorrir para o céu e o sol. Falar ‘eu te amo’ para todos”.   (São trechos de autores desconhecidos e algumas adaptações minhas).

4 comentários:

  1. Ótimo texto!! Parabéns Vitor Galdino, o que você escreveu realmente é o que acontece com muitas pessoas, que simplesmente se deixam levar pela rotina planos e objetivos e quando percebem já deixaram para trás muitas coisas importantes. E a pergunta que fica é: Qual é o sentido da nossa vida?

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