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segunda-feira, 18 de agosto de 2014

O dia de Santo Agostinho está chegando!


            No dia 28 de agosto comemora-se o dia de Santo Agostinho. No âmbito do colégio, ele é ilustre, porém é também desconhecido! Ilustre: seu nome está grafado nas camisas, logotipos, sites e é pronunciado a cada dia por todos – alunos, professores e funcionários em geral. Quadros, pinturas, bustos, frases decoram paredes, pátios e salas de aula. Desconhecido: apesar dessa visibilidade, conhecemos pouco a sua vida e, mais importante ainda, a relevância da sua obra e pensamento.
            Dados biográficos são facilmente encontrados nas bibliotecas e sites da internet. Importa-nos, aqui, de modo sucinto, trazer e relembrar algumas características de sua personalidade, seu modo de ver o mundo, suas ideias e sentimentos, enfim, sua herança filosófica e cultural. Será que nós, afiliados a uma escola agostiniana, nos identificamos com ele e, de certo modo, somos “bons herdeiros”, cultivando e atualizando sua obra? Vejamos!

  • ·       Santo Agostinho dedicou sua vida adulta ao ensino. Foi durante muitos anos professor em escolas da Europa (Roma, Milão). Passou pelas intempéries da vida de um educador: horas extras de trabalho em casa, remuneração insatisfatória, alunos dispersos, políticas públicas instáveis. Foi um educador dedicado. Em sua biografia consta o esforço de buscar uma linguagem acessível, adaptada às condições de seus alunos, mas não inócua a ponto de ser superficial. Buscava captar as afinidades dos educandos e abrir a eles as portas da boa literatura e dos bons pensadores de sua época.

  • ·       Ainda estudante, seu traço mais característico foi a inquietude e a curiosidade intelectual. Não se dava por satisfeito com as lições recebidas ou ensinamentos abstratos de seus mestres. Buscava ir além; lia, investigava, escrevia. Não era um aluno “fácil” de se convencer; cultivava uma curiosidade vivaz e uma perseverança em leituras extraclasse.

  • ·       Essa mesma inquietude revelou-se na sua experiência religiosa. Migrou algumas vezes entre religiões e crenças distintas. Angustiava-se por questões tais como a existência de Deus, a vida e a morte; o bem e o mal. Conheceu o cristianismo e nutriu por ele certa simpatia, ainda que tenha hesitado durante longo tempo até se converter de fato à fé cristã.

  • ·       Sendo cristão, colocou seus conhecimentos e energias pessoais a serviço de compreender a sua própria fé. Leu e escreveu muitos textos em que buscava esclarecer dúvidas e controvérsias típicas de sua época. Sua fé não era simplista, fundada apenas num sentimento e tampouco uma fé conformada com a realidade. Ao contrário: nutria uma fé que buscava ser inteligível e que fizesse sentido para si mesmo e para os seus companheiros. Vivia uma fé que se expressava em gestos e ações concretas, pautando sua visão ética das coisas; dedicava-se a ouvir as pessoas, a auxiliar os empobrecidos e a instruir as lideranças da igreja. Foi essa fé vigorosa que levou o povo de Hipona, onde morava, a escolhê-lo como bispo de sua diocese.

  • ·       Na condição de escritor e autor de mais de 80 livros, foi um intelectual atento às vicissitudes de seu tempo. Embora defendesse os pilares da fé cristã, manteve-se disposto e aberto ao diálogo, a ouvir seus interlocutores, a discutir suas ideias. Nesse sentido, não era um intelectual dogmático ou “dono da razão”, mas um humilde e autêntico investigador da verdade. 

  • ·      Passou para a história como um dos primeiros formuladores do conceito de interioridade: no interior de cada pessoa habita a verdade, a beleza, a bondade. Essa é a verdadeira riqueza do ser humano. Se a realidade e os bens importância, o que nos qualifica de fato são os valores, dons, capacidades que recebemos da vida e cultivamos, potencializando-os. Para isso, faz-se necessário conhecer a si mesmo, contemplar, buscar esses dons, abdicar dos excessos do consumo, do falatório, dos hábitos desenfreados, das vaidades que nada acrescentam.
            Muito mais se pode apreciar na história e vida de Agostinho. Que a comemoração do seu dia nos inspire e seja um convite para o mergulho na profunda riqueza de sua vida e sua obra. E ainda: seja um convite para o mergulho no mais profundo de nós mesmos, para lá descobrirmos nossas riquezas interiores, que dão sentido verdadeiro e plenitude às nossas vidas!
            O exercício do ensinar e educar transpira o intuito de Agostinho quando nutrimos de afeto e dedicação aquilo que fazemos. Diante do educador agostiniano, mais que números e resultados, estão pessoas: contribuir para o seu crescimento integral é sua árdua tarefa cotidiana. Diante do educando agostiniano está o mundo, com seus mistérios e saberes, com seus valores e contradições: contribuir para que haja plenitude nesse mundo é seu desafio maior – uma verdadeira missão!

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